Status — Jake
HP: 110/110
CH: 119/170
ST: 168/170

Status — Boyle
HP: 110/110
CH: 158/170
ST: 136/170

Após deixar as plantações de arroz, Hisoka manteve a caminhada até o norte, como mencionado pelo trio. Podia sentir o corpo ainda dolorido, mas sua visão não estava mais turva e os músculos não mais pareciam travados, o que sugeria a eficiência daquele medicamento que o deram. – Certo... Onde deve estar o tal mensageiro? – Pensou alto, caminhando vilarejo adentro. Era provável que ele estivesse o esperando, então se revelaria ora ou outra.

Em meio a caminhada, uma figura surgiu à frente. Era uma mulher. Ornava roupas excêntricas e uma espada. Hisoka não pôde deixar de se lembrar dos espadachins de outrora, rápidos como relâmpagos. A peleja, embora interrompida, serviu de aprendizado. Mostrou ao patife que ele não era tão invencível como imaginava, e que havia ninjas tão fortes quanto ele por aí. Ainda seriam necessários muitos degraus para alcançar um patamar em que pudesse aniquilar Yusuke sem mazelas.

– É... Uma açãozinha. – Abanou a mão como se tivesse fazendo pouco caso da tal ação, embora, a verdade fosse outra; os desgraçados desgraçados quase o mataram.

Hisoka viu a mulher se desfazer em fumaça, jogando a sacola de dinheiro por cima do ombro. Os ouvidos foram agraciados com o tilintar das moedas, enquanto os olhos esforçavam-se na busca por alguma morada. Queria descansar um pouco, recuperar as energias, nem que precisasse dormir em feno junto aos bois.

As experiências de vida e circunstância impediam um sono pesado, ainda que fosse suficiente para recompor as energias. Por conta disso, bastou o arraste de pés ao solo e uma respiração ofegante para que os olhos de Hisoka subitamente se esgazeassem. As pupilas avantajadas demoraram alguns poucos segundos para se adaptarem à iluminação do celeiro, mas a vista logo tratou de reconhecer a mulher que caminhava a passos cambaleantes em sua direção. – Ron Ron? – Questionou, erguendo o tronco do feno, que teimava em deixar suas costas e madeixas. De longe, seu estado de saúde parecia crítico. De perto, com ela aos tropeços e regurgitando sangue, ele pôde ter certeza. – Droga... – Ergueu-se rapidamente, tentando ampará-la antes que se chocasse contra o chão. Porém, antes que pudesse dizer qualquer palavra, seus olhos fecharam. Mas ainda estava viva, já que respirava. Sabendo disso, Hisoka a levou para a cama de feno improvisada onde dormira.


Ron Ron acordou horas depois. Não havia melhorado muito, mas ao menos conseguia manter a consciência. Em meio a titubeios, ela explicou a situação para Hisoka, que austeramente balançava a cabeça em afirmação. – Entendo... Mas quem exatamente? Contra quem lutaram? – Indagou, de sobrancelhas meândricas. Aquele trio era forte, quase o mataram. Para terem sido deixados nesse estado deplorável, seus adversários devem ter sido bem poderosos. – Ei! Levante! Não precisa disso. – Rechaçou sua atitude de reverência rispidamente, de braços cruzados. O patife estava, de certa forma, em débito com o trio, afinal eles salvaram sua vida, embora nunca tenha sido sua real intenção tirá-la. – Irei lá. – Completou. Seu rosto estava empedernido, demonstrando não temer as consequências de invadir aquele local completamente sozinho. Sabia do perigo, claro, mas também acreditava que seria um excelente teste para mensurar sua força após o último combate. – Alguma informação que queira me dar antes 'deu' partir? – Ter algum dado de vantagem sobre o oponente já seria de grande ajuda. Logo depois, esticou as pernas outrora de cócaras, rotacionando o ombro direito como num aquecimento. – Cruzes, ainda sinto minhas juntas enferrujadas por conta daquele maldito veneno. – Reclamou, de cara torcida. Esperava que a dor esvanecesse após alguns minutos de ação. – Ótimo. – Diria se recebesse uma resposta. Em seguida, entortou o pescoço para ambos os lados, fazendo uma dupla de ruídos surdo ecoar pelo celeiro. – Tente não morrer aí. O cheiro de merda de gado é horrível, mas você se acostuma. – Já de costas, deu de ombros, sorrindo de esguelha e dando uma piscadela. Foram suas últimas palavras antes de sair em direção à mina, mas deixando uma mensagem muito clara: ele voltaria.

Ron Ron fazia o possível para se recordar dos adversários, mas, ao que parecia, sequer havia visto de onde foram atacados. Lidar com oponentes que podem ficar invisíveis é sempre um saco. Ter um ninja sensor nessas situações é o mínimo, e o trio perdeu mesmo com um. Hisoka realmente não tem tido vida fácil, e isso não mudaria nessa próxima missão. – Não, descanse. – Ordenou, trazendo o braço dela por cima de seu ombro para ajudá-la a ir a uma das camas de feno. Não queria ser duro com as palavras, mas ela somente atrapalharia no estado em que se encontrava. Talvez ela soubesse disso e, por isso, consentiria. – Não se preocupe com isso. Vai me garantir um pouco de resistência a essa toxina nas próximas vezes que eu for infectado. – De mãos à cintura e postura confiante, sorriu. Pensando por esse lado, sua sobrevivência o fez mais forte; aliás, sempre faz.


Então, abriu a porta dupla do celeiro, permitindo que a chuva banhasse sua pele outra vez. Andaria rumo às plantações, caminho pelo qual viera.

Para a surpresa de Hisoka, ele detinha ainda mais informações sobre Tendo que Isis e Haru. Até mesmo sua habilidade era um dado novo para a dupla, que tratou de anotá-la no que parecia ser um pergaminho. Sem respostas, o patife entortou a boca e deu de ombros, num mais típico sinal de quem diz "que seja", embora os punhos estivessem relativamente cerrados. Ouvir o nome de Yusuke o causava certo furor, e saber que Tendo tinha ligação com ele somente reforçava sua vontade de encontrá-lo.

Em alguns minutos, estavam nas plantações de arroz, o ponto de partida de Hisoka. Ele iria de encontro ao celeiro em que estava abrigado junto de Ron Ron, que foi onde pedira para ela ficar até que retornasse. Esperava que ela tivesse acatado o pedido, caso contrário não saberia como achá-la por aí. Assim que a visse, levaria a mão até à têmpora, tocando-a com o dedo indicador e médio, que seriam meneados num cumprimento. – Yo. – Sua expressão, todavia, não expressava felicidade, muito por conta do que provavelmente viria a acontecer. Ela notaria Haru, mas não o outro ninja que Hisoka havia se encarregado de resgatar. Seguramente, todo aquele extravaso de cólera por conta da traição viria a tona novamente. Desta vez, o patife não se meteria. Ficaria sentado num monte de feno, de cabeça baixa entre as pernas separadas e de cotovelos sobre os joelhos. Queria dizer algo como "iremos trazê-lo de volta para o lado de vocês", ou "vamos fazê-lo pagar pelo que fez", mas nenhum dos comentários parecia adequado, e, pra falar a verdade, nem era obrigação sua apaziguar aquela situação. – Are... Are... – Após suspirar, jogaria o corpo para trás, derramando as costas sobre a forragem. De mãos cruzadas atrás da nuca, fitaria o teto do armazém a matutar. Sobre o quê exatamente, nem ele saberia. As memórias simplesmente viriam à mente de forma aleatória. Pensaria sobre Yusuke, sobre Tendo, sobre Isis e sua organização... De tanto pensar, as pálpebras acabariam por pesar e ele viria a repousar, ao menos se não fosse interrompido. Havia sido um longo dia.